
O Pão
"O pão está na vida há muito tempo. Desde sempre na história, nas confraternizações, nos ritos e até no cotidiano mais comum das pessoas. Todo mundo tem acesso, dá para partilhar. Vemos ele em toda parte, seja no fomato de pizza, no burguer, no salgado, do pão do café.
Eu acho que somente um alimento com um sentido tão forte, enraizado na vida das pessoas poderia durar tanto assim nas gerações. E olha que interessante: a gastronomia evoluiu muito, com técnicas, combinações, conceitos, complexidades sem tamanho. Mas em contrapartida a todo esse movimento moderno, progressista, inovador...Eu ainda acho que um único alimento conseguiu manter a sua essência inalterada e incrivelmente simples: Este alimento é o Pão.
As padarias "do futuro" serão aquelas que conseguirão somar modernidade de processo e o resgate desse símbolo do pão. Se em cada pãozinho que sair tiver aquela essência do pão original, tenho certeza, essa padaria vai perdurar por longos anos. Quem hoje não valoriza um alimento que tem afeto, identidade e é artesanal de verdade?"
Eriksen Miyasaki
Fundador da Trighum

Minha Formação
O Chef Eriksen Miyasaki foi graduado em Engenharia de Alimentos - dedicou toda sua carreira para a pesquisa nesta área. Na universidade, participou durante seus cinco anos de graduação de um programa chamado PET (Programa de Educação Tutorial) vinculado ao MEC/SESu. Nele, o grupo com mais de 15 participantes, com um aluno líder mais experiente e um tutor, tinham que desenvolver ações em ensino, pesquisa e extensão para melhorar o curso de graduação. Devido a esse desafio, aprenderam a apresentar propostas, inventar e executar metas com ou sem parcerias. Nesse período entendeu o que seria somar esforços, valorizar, pôr em prática idealizações, estimular a equipe e contribuir com empresas. Essa fase foi, com certeza, o período que acendeu a identidade do que seria mais tarde a própria Trighum. A energia que nos movia era o novo e o desafio.
Durante a graduação até o início do doutorado trabalhou na pesquisa em diferentes áreas partindo de síntese enzimática de bioaromas, produção de alimentos de fontes marítimas, secagem de alimentos, avaliação tecnológica de trigo, caracterização de óleos e gorduras, desenvolvimento de processo e equipamentos para a indústria de chocolate e síntese de carotenóides naturais usando fermentação com leveduras selvagens. Tal período todo transcorreu desde 2006 até 2014. Em 2014, no meio do doutorado, depois de longo contato com a pesquisa,o chef já não se sentia mais realizado. E as causas não eram o orientador ou os colegas de trabalho, mas a si mesmo, que naquela fase já não se enquadrava mais dentro daquele contexto. Pensou em sair várias vezes, porém renunciar a tudo aquilo era a parte mais difícil. Dai, como todo ser humano, passou por um período de grande meditação e reflexão, de querer sintonizar com o que seria vida novamente.
Nessa, entrou em contato com diversos saberes: textos filosóficos milenares de todos os cantos do mundo e de diferentes épocas, histórias de vida, conversas com amigos e desconhecidos e a cada momento refletido, constatava a mesma mensagem: o melhor caminho era mesmo o caminho do coração. Ou em outras palavras, fazer o que gosta, o que alimenta a alma. Mas o ápice antes da decisão final foi quando leu a seguinte passagem do livro The teaching of Don Juan de Carlos Castañeda:
"Um caminho é só um caminho, e não há desrespeito a si ou aos outros em abandoná-lo, se é isto que o coração nos diz...
Examine cada caminho com muito cuidado e deliberação. Tente-o muitas vezes, tanto quanto julgar necessário. Só então pergunte a você mesmo, sozinho, uma coisa: Este caminho tem coração?
Se tem, o caminho é bom,
Se não tem, ele não lhe serve: Um caminho é só um caminho. "